Artigo escrito pela Dra. Fátima Blumer*
Ao divulgarem um vídeo com um alerta importante por meio das redes sociais, os pais da pequena Lua, de 1 ano e 3 meses, Tiago Leifert e Daiana Garbin, comoveram e abriram os olhos de todos os pais do Brasil para uma doença rara e silenciosa, o retinoblastoma. Trata-se de um câncer na retina, que ocorre principalmente em crianças menores de 5 anos.
O tumor maligno origina-se da mutação de células, afetando um ou ambos os olhos, como é o caso de Lua. Dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) apontam que em um ano são registrados de 200 a 300 casos da doença no país. No mundo, são cerca de 6 mil casos no mesmo período.
O alerta de Tiago e Daiana vai ao encontro com o que dizem os especialistas da área, que é a importância da prevenção. Ao abrirem e exporem a situação delicada pela qual estão passando, o casal pede que pais e responsáveis fiquem atentos a qualquer alteração na rotina do bebê, e, assim que notarem, que o levem a um especialista.
O casal encaminhou a filha ao oftalmologista após perceber que os olhos da criança apresentavam movimentos irregulares e um reflexo branco, chamado de leucocoria. Os pais observaram também que ela posicionava a cabeça de lado para enxergá-los. Outros sintomas do retinoblastoma incluem estrabismo, dor e inchaço nos olhos e perda de visão.
Até agora, segundo os pais, Lua passou por sessões de quimioterapia e seu tratamento segue sendo acompanhado por especialistas do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), em São Paulo.
De acordo com a SBOP, quando o problema é diagnosticado precocemente, as chances de cura são maiores, e há grande possibilidade de salvar o globo ocular. É que, para impedir que surjam possíveis metástases em outras partes do corpo, há casos em que essa prática é indispensável.
É por isso que batemos tanto nas teclas da prevenção e do diagnóstico precoce. Se você desconfia que o seu filho apresenta algum desses sinais, deve levá-lo a um oftalmologista para ser examinado. O diagnóstico de retinoblastoma é feito por um exame do fundo de olho com a pupila bem dilatada e pode ser confirmado com ultrassonografia. A biópsia geralmente não é recomendada nesses casos.
Felizmente, há cura em 90% dos casos. Porém, em situações graves nas quais a doença se disseminou para além do olho, sendo que o prognóstico é mais complexo. Então, pais e responsáveis, fica aqui um pedido, pela saúde dos seus filhos e para evitar surpresas desagradáveis: levem os pequenos ao oftalmologista, para uma consulta de rotina, pelo menos uma vez ao ano.
*Fátima Blumer (CRM-SP 75.510) é oftalmologista do Hospital do Olho Araçatuba especializada em oftalmopediatria e estrabismo.